segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Na calçada da papelaria eu sentei e chorei - Experiência com Desegraph e outras canetas


Brincadeira. Eu não cheguei a tanto. Mas eu quase chorei no caixa na hora de pagar a "facadinha" que é o preço da tinta Trident para caneta recarregável. É, chegou a minha vez, e está sendo uma experiência das mais dolorosas e vou dizer o porquê.



Por definição eu sou um dinossauro que ainda desenha em papel de verdade com lápis de verdade, escalímetro, régua T e finaliza os desenhos com nanquim de verdade e canetas. Anos atrás eu usava bico de pena tradicional, pincel, etc. Mas era uma chateação, lento demais, pouco prático, fazia sujeira...

Por conta de tais fatores, acabei indo para as canetas descartáveis, e eu usava qualquer marca que eu encontrasse mais barata nas lojas. Usei cada coisa de assustar, usei umas canetas sem-nome importadas, usei canetas gel, usei nacionais, usei uma esferográfica melhorada, usei hidrocor fina, etc. Posso dizer que nada disso fez de mim um ser humano melhor, mas me tornou a rainha da gambiarra, a ponto de tapear um professor na faculdade usando canetinha hidrocor escolar e papel 40 Quilos e fazer com que ele acreditasse que aquilo era nanquim importado e papel Canson.

Bom, como o tempo passou e eu encontrei uma marca cujo preço não me assustava, passei a usar a caneta nanquim descartável da Uni Pin, aquela pretinha. Claro, eu ainda tinha uma Sakura e umas da Faber Castell (que apesar do preço meio salgadinho na época, tiveram um rendimento excelente). E eu estava na minha - digamos - zona de conforto com o material e nunca havia pensado em voltar para o bico de pena de metal, e muito menos aderir à caneta recarregável, o que era uma sugestão que eu escutava há uns 10 anos e principalmente os professores me encorajavam a tentar quando eu estava na faculdade. O preço me assustava e eu não sentia falta ou necessidade delas na minha vida.

As vantagens da recarregável - a mais conhecida por aqui é a Desegraph - são muitas e lendárias. Dizem que rende mais, não perde a 'ponta' facilmente (as descartáveis tendem a ter ponta de feltro que abre com o uso, é um processo de desgaste natural ou consequência de muito peso na hora de riscar) e o famoso custo-benefício. Mas as desvantagens são intimidadoras: é projetada para uso em desenho técnico, pode vazar, o traço é constante, e ela pode entupir. Aliás, não só pode como VAI!Não duvide, ela vai fazer isso!

Uma amiga também decoradora, desiludida com a vida e fazendo um bota-fora no armário, acabou me fazendo herdar essa desegraph 0.8 que agora é minha. Como cavalo dado não se olha os dentes, eu aceitei. Por que não? Uma experiência nova em termo de finalização, e eu não havia pago nada pela caneta. A 0.8 é uma espessura mediana para grossa, o que faria dela algo útil aqui. Deixei guardada enquanto esperava a oportunidade de usar e comprava a tinta para recarregar.

Foi nessa parte que eu desconfiei da lenda do custo-benefício das recarregáveis. O vidro de nanquim líquida custa o mesmo que uma caneta descartável (cerca de 8 reais), enquanto a caneta desegraph em si custa mais de 20 reais (o preço varia com a espessura). Juntando tudo, dá cerca de 30~40 reais, dependendo de algumas variações. Com esse valor, eu compraria cerca de 5 descartáveis, porém no decorrer do uso já recarreguei 2 vezes a caneta, e o frasco de tinta está praticamente inteiro. Sabe o que isso quer dizer? Que eu vou usar essa porra até o fim, porque a caneta é ruim, entope que é uma beleza e eu sou orgulhosa demais para simplesmente parar agora.

Ah, sim. Ajuda um bocado colocar umas gotas de água dentro da caneta para ajudar a tinta a ficar mais fluida, o que reduz o entupimento (e faz render ainda mais, embora o rendimento sozinho já faça valer o preço da caneta + tinta). Mas não adianta... ainda terei muita dor de cabeça até me acostumar de vez com essa porcaria...

Agora uma fotinho para ilustrar as canetas que eu tenho aqui... (adoro essas frescuras de colocar foto!)



De cima para baixo:
1. Caneta Stabilo Fineliner - Nenhum prodígio, mas salvou minha vida quando eu estava fazendo desenhos técnicos. Okay, confesso que também usei muito para finalizar ilustrações e até quadrinhos (na parte de cenários, uma vez que ela produz uma linha constante). Ah, sim, ela mancha horrivelmente depois de um tempo no papel, atravessando-o numa "sombra" cinza.
2. e 3. Canetas gel genéricas, baratas e de procedência duvidosa. Não são o amor da minha vida, mas não fazem feio na hora de finalizar. Falham com uma certa facilidade, mas o preço ajuda a não dar peso na consciência se elas "morrerem" de repente. A 3. é ótima para finalizar cabelos!
4. Ecco Pigment, a caneta nanquim descartável da Faber Castell. Eu não tinha ouvido falar até a atendente da papelaria me mostrar esta beleza. Não me arrependi. Esta aí da foto tem alguns anos de vida e plena atividade.
5. A UniPin clássica, dispensa comentários e apresentações. Lorine comentou comigo que recarrega as dela. Eu fazia isso antigamente, nas horas de aperto, e acho que vou fazer de novo (agora com a tinta de recarga da Trident, devidamente batizada).
6. Feita para encarar desenho técnico, a Desegraph definitivamente não deveria ter outro uso a não ser este. Mas nós somos corajosos, e eu acredito que quem está no inferno tem de usar a caneta abraçar o capeta.

6 comentários:

  1. Qual a espessura da ponta da caneta Desegraph que você usa/usou? Ah, qual a caneta que você indica para quem está começando a desenhar?

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  2. Astasia, algumas informações valiosas (caso não conheçam): As canetas a nanquim recarregáveis e técnicas eram usadas para desenhos do tipo quadrinhos, ilustrações etc. Elas dificilmente entupiam. As da marca Desegraph são as piores que existem. Falo isso por experiência. Infelizmente o mercado nacional não vende mais as de boas marcas, e que são importadas. Oportunamente vou postar um artigo sobre o uso dessas canetas.

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  3. "Aliás, não só pode como VAI!Não duvide, ela vai fazer isso!"

    Ahauhauhau! Ai acho que tivemos a mesma experiência. =)

    Bom estou começando a mexer com estas canetas... Meu uso é em desenho artístico mesmo mas de fato elas são melindrosas.

    Meu único interesse nelas é que elas mantem a mesma espessura.

    Vamos ver se eu consigo lidar com elas de forma mais amigável daqui algum tempo.

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  4. Sobre recarregar a UNIPIN, tem alguma dica que você poderia dar? Tô com algumas aqui e queria fazer, mas acabou que o nanquim que usei entupiu a caneta. Será que é interessante adicionar água?
    Desde já agradeço, gostei do blog e vou passar a acompanhar.

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  5. Pra quem estiver começando, e achar que uns 10 reais numa caneta nanquim é caro, eu recomendo marcadores da faber castell ou qualquer outra parecida com tinta a base de alcool e solvente (que não borra na umidade) na hora de arte-finalizar esboços. Mas mesmo uma hidrográfica de 1mm com ponta cônica e traço preciso (é o caso do marcador da fabell castell sem nome, de ponta porosa e indelével em papel). A vantagem dessa última é que sai em torno de 4 reais apenas, e dá pra treinar bastante na arte-finalização de desenhos em A4.

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